Bertolt Brecht
Soneto numero 12 do amante
Ai, a carne é fraca, não tem discussão
E eu, que enfraqueci mulher de amigo
Evito o meu quarto, dormir não consigo
Vejo-me à noite: atento a qualquer som!
E isso advém de o seu quarto afinal
Ser contíguo ao meu. O que me consome
É que eu ouço tudo, quando ele a come
E se não ouço, penso: é pior o mal!
Se já tarde os três bebemos um copito
E eu noto que o meu amigo não fuma
E, quando a mira, põe olhos em bico
Encho o copo dela a deitar por fora
E obrigo-a a beber, se não colabora,
P'ra ela à noite não dar por nenhuma.
(Tradução de Aires Graça)